Mulher na praia... (Ou “Palavras ao vento...”)
Sentada à beira-mar,
vagava e divagava com os olhos.
Em seu traje exótico,
chapéu nostálgico (anos 20),
óculos escuro-máscaras,
perdia-se no infinito ir e vir
branco de espumas e sal.
Lia Neruda...
Lia o mar em palavras,
e ouvia Neruda em ondas.
O sol queimava a pele virgem,
como a paixão queimara o coração inóspito.
Tinha as memórias em fotos ao colo...
Tinha as lembranças vivas nos olhos.
O vento parecia empurrar-lhe...
Quisera tomar-lhe algo?
Conseguira.
Em uma rajada,
foram-se o chapéu e os sonhos...
Livros e papéis ao mar,
e as ondas levaram toda a poesia...
quebrando, em uníssono, ilusões nas pedras...
dissolvendo versos em espumas...
levando palavras ao vento...
tornando turvo o olhar...
Mulher na praia...
Palavras ao vento...
Perdia-se... na infinitude do mar...
Carolina Grant (23/01/2011).
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