quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Poema do Renascimento


Poema do Renascimento

Explosão. Estilhaços. Por todos os lados.
Um zumbido ecoou e ecoou e ecoou e ecoou no espaço.

Milhares de fragmentos foram violentamente arremessados.
O eco da explosão
Reverrrrberou...
Ricocheteou... Arrebatou!
Impeliu todos a saírem de seus quartos, casas, escritórios e carros.

Pôs todos a seguirem em direção ao coração da cidade.
Ao coração.
Rumores, olhares assustados.
Alguém viu? Alguém? Alguém?

Por quê? Como? De onde veio?
O que houve? Ninguém sabe. Ninguém viu.
De uma coisa, contudo, todos estavam seguros
Era impossível não sentir a energia e a intensidade vibrando no ar.
Rostos impressionados, emocionados, se entreolhavam.

Viram todas as cores emanadas da explosão. Todas elas.
O começo? Uma garota. Apenas uma garota.
Lá estava ela e de repente... não mais que de repente...
Tudo virou caos, cores e estilhaços.
Apenas uma garota. Que continha um Universo inteiro no peito.
Rompeu o tédio, o nojo e o ódio. Explodiu em sentimentos, energia, cores e abalos.

Acabou.

Virou-se pelo avesso, contorceu-se, explodiu.
Investigam se foi por Amor.
Vozes ecoam que foi pela Dor.
E alguns articulam, ainda, que foi pela Vida.
Restara sufocada pelo excesso de vida que carregava aprisionado.

De uma coisa, apenas, ninguém duvidava
Era impossível para qualquer um se esquecer do que presenciara.

Ninguém seria mais o mesmo.
O mundo reverberava em energia, com pequenas, ininterruptas explosões de liberdade e calmaria.
Viram o resultado fatal do baile de máscaras cotidiano. Testemunharam.
O eco daquele dia até hoje reverbera na memória de todos os presentes e gerações descendentes.

Era o presságio de uma nova era,
Muito além da compreensão.

Fazendo com que muitos passassem a carregar dentro de si
O germe da revolução
Revoluções internas ou externas, limitadas ou exponenciais. Tanto faz.
Minimamente o que importaria seria a inexorabilidade da reversão.
Ah, sim, ninguém poderia esquecer-se do poder transformador de um renascimento forçado.

Do poder surdo e incontrolável de desejos contidos, a vida renasceria.
E quando muitos se reunissem naquela mesma frequência. Aí, sim, seria a hora.

Entrelaçados e abraçados por uma causa libertadora,
Nada ficaria imune.
E ela seria lembrada por ter sido a primeira,
Rompera consigo mesma, rompera os seus próprios limites,
Ganhara o mundo, os céus e o universo,
Impusera a todos que escutassem o seu chamado,
Amou para além da humanidade, da vida e da finitude... Amou à Liberdade.

22 de setembro de 2016
Carolina Grant

Poema da Amargura... (Ou Reflexo)


Poema da Amargura... (Ou Reflexo)

Ninguém soube,
Quando ela foi morar longe.
Fechou a casa,
Deixou as coisas todas.
Foi-se.
De uma hora para outra,
Sem despedidas.
Nem uma carta deixara.

Ninguém soube
Do que lhe corroía o peito.
Começou fraco, cabreiro,
Mas invadiu-lhe as veias todas.
E, com o tempo,
A consumiu por inteiro.

Ninguém soube,
Quando foi bem que começou,
Quando um sentimento só
Passou a corroê-la,
Circulando em suas veias,
Transformando-as em tinteiro.

Ninguém soube
Do quanto doía por detrás das máscaras.
O riso sincero que lhe faltava
Roubaria de quem lhe roubara.
Apagaria o sorriso outro
Faria desmoronar...
Todas as fachadas.

Foi então que...

Ninguém soube
De onde saiu o tiro letal,
Porque ricocheteou naquele reflexo,
Cumpriu o seu destino...
Voltou e foi fatal.
Uma estilhaçada e a outra, com um baque, quedara.
Primeiro aquela e depois ela.

Ninguém soube
Do acerto tão tentado
Do acerto tão frustrado
Que, enfim, fora alcançado
No fim de todos os fins.

Não fora bem o que ela queria,
Mas ninguém soube,
Não, ninguém sabia.
Os poucos que a entenderiam
Já há muito lá não estavam.

Tantos anos...
Ninguém soube...
Ninguém viu...
Ninguém pôde...
Curar... Parar... Evitar...

Acabara... Ou talvez...
Acabará...
Noutras vidas.

Mas acabaram os sussurros, os murmúrios e os lamentos
Restou apenas aquele silêncio...
Definitivo.

...

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21 de setembro de 2016
Carolina Grant