domingo, 8 de fevereiro de 2015

The Big White Rabbit... E a garota que tinha poesia no olhar.


(Para ler ouvindo o álbum Dark Side of the Moon - Pink Floyd)

The Big White Rabbit... E a garota que tinha poesia no olhar.

Eu conheci o coelho branco um dia. The Big White Rabbit.
Ele tinha duas contas verde-esperança no lugar dos olhos.
Às vezes parecia sério demais... 
Como se tivesse um oceano revolto contido em si.
Às vezes ria sem motivos...
E convidava para uma xícara de chá de desaniversário.

A questão é que ele tinha um Universo só seu e particular
No centro da floresta negra que cultivava em seu peito
Para onde costumava se refugiar,
Após uma ou duas dessas xícaras de chá,
E onde muito poucos poderiam acessá-lo.

Ele era, obviamente, diferente,
Mas se disfarçava bem entre os humanos,
E quase passava despercebido entre os normais.
Vivia quase sempre atrasado
Para um mundo que corria rápido demais.

Vivia quase sempre solitário,
Mergulhado em infinitudes abissais.
E só às vezes confraternizava
Com outros diferentes iguais... a ele.

Um dia ele conheceu uma garota que assobiava
E que viajava outros mundos também.
Ela falava a sua linguagem musical,
Ela poetizava.

A sua música, a sua poesia, o hipnotizaram.
O seguraram firme na realidade
Mais do que os poucos minutos tradicionais.
Mas ele sempre escapava.

E ela... lá atrás... ela quase sempre ficava.
Mas ficava e esperava... e esperava
Porque uma hora, ele sempre voltava.
E ele... ele era o seu ticket para Wonderland.

Porque com ele, ela viajava.
Ela aprendia, ela ria, cantava e dançava.
Com ele, ela vi-vi-a
Uma vida fora do script convencional.

Eu conheci o coelho branco um dia.
E perguntei pela garota que assobiava.
De um jeito diferente agora ele sorria,
Seus olhos pelo horizonte passeavam,
E no seu rastro enigmático se via
O cheiro doce de poesia.

Até quando eu não sei,
Pois dizem que o coelho branco e a garota
São de universos bastante paralelos.
Ela era rainha e ele rei,
Cada um do seu mundo singular.

Espero que construam uma ponte intermundos
E desistam de correr por aí,
Fincando raízes em algum lugar.
The Big White Rabbit…
E a pequena garota que exalava poesia pelo olhar. 














08 de fevereiro de 2015
Carolina Grant

Obs.: Imagens retiradas do clipe "Sour Girl" - Stone Temple Pilots.

domingo, 25 de janeiro de 2015

De repente... outra vez (Quando o blues vira jazz)


De repente... outra vez
(Quando o blues vira jazz)

E de repente, não mais que de repente,
As nuvens espessas dispersam...
E vão encobrir outras paragens.

A noite volta a cintilar prateada,
Refletida numa taça de vinho suave,
Ao som melódico de um piano de cauda.

É quando a melancolia do blues,
A prosa árida da vida,
Vira um jazz-poesia.

E aquela troca de olhares...
(Ah, aquela troca de olhares)
Te convida a visitar novas paisagens.

Quando o blues vira jazz
E o ar sombrio dos teus olhos
Se dissolve em um sorriso sutil,
De repente...
Outra vez.

24 de janeiro de 2015
Carolina Grant

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A roda da vida


Gira, gira, a roda da vida...
Gira e segue girando,
borrando o passado,
reinventando futuros... (possíveis)
Expulsando os incautos
e os moribundos (cansados da vida).

Gira, gira, a roda da vida...
Gira e segue mudando (todos os destinos).
Trocando as saídas,
acelerando.
Revela-nos (antes, por favor) quem somos,
diz-nos... quem realmente fomos.

Gira, gira, a roda da vida...
Gira e segue girando... misteriosa, profunda.
Só não nos deixe cair,
Apenas respirar fundo...
e voltar para os trilhos,
caminhando...
devagar...
cambaleante...
e então... Firme.

Gira, gira, a roda da vida...
Diz-nos os nossos limites.
Fecha as portas passadas.
Sopra-nos os descaminhos
e leva-nos de volta à boa estrada.
Para, apesar dos novos tropeços (e acertos),
seguirmos sempre, sempre, girando (em frente).

Só não nos deixe ficar para trás,
Até o giro final.
No tempo certo,
Na hora certa,
No giro certo.

Gira, gira, a roda da vida...
Gira e segue girando,
Porque os borrões fazem parte de nós
E são eles que fazem as visões do futuro
Ganharem algum contorno (definível)...
Nas necessárias paradas
De cada volta,
De cada giro,
No tempo certo,
Na hora certa,
No giro certo.

Mas, agora, segue.

Segue...

...

.



(Onde e quando irá parar novamente?
 Só o tempo, o seu condutor, saberá...
 Porque agora, a hora é de girar.
 Então... Gira! Segue!).

03 de janeiro de 2015
Carolina Grant