quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nova aurora.


Nova aurora.

À noite, à luz de prata, pétalas em flor,
Pingam vermelhas gotas de veludo sobre a dor.
À noite, se estrelas, sem clamor...
Soam, sopram, seguem, espalham-se
Versos-lágrimas, qual rumor.

À noite, madrugada, frio a dentro...
Chora o passado, gritam as lembranças,
Enquanto a loucura bate, convidativa, à tua porta.
Em vão, não abrirás.
Abrirás?
Espero que não.
No fim, sim, é um clichê,
Só a força, a dignidade, a bondade e o amor triunfarão.
Não cairás antes disso pelas próprias tuas mãos.

À noite, pés descalços, braços nus,
Caminhas por entre as árvores,
Por entre os cadáveres
Das tuas mágoas e rancores
E com eles conversas
Sobre o tempo, o clima e o mundo espiritual...
Pois já não precisas mais mentir, para si... não é Drummond?
Descobristes a verdade sobre os teus fantasmas e os acolhe,
Para ajudá-los a seguir seus próprios caminhos e partir,
Para longe, longe de ti, longe dali...

Já é hora de voltar a casa,
Voltar a si.
E acabar com esta noite prolongada,
Porque os teus olhos aos poucos se preparam para ver o dia raiar.

À noite... não, já é dia, poeta.
E as gotas do tempo tingiram-se
De vermelho em branco para voltar a passar.

Já é hora de partir e seguir
                                              e seguir... adiante.

À noite,
Se há respostas.
Pés descalços,
Se há porta.
Braços nus,
Se és fortes.

Enfrenta-te ou te devorarás.
Segues firme, sem demora.
Noite, frio,
Fim, (re)começo,
Raia o dia

 Êi-la enfim...
                                        Nova aurora.
 
Carolina Grant
 28 de abril de 2011.

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