Poema da Amargura... (Ou Reflexo)
Ninguém soube,
Quando ela foi morar longe.
Fechou a casa,
Deixou as coisas todas.
Foi-se.
De uma hora para outra,
Sem despedidas.
Nem uma carta deixara.
Ninguém soube
Do que lhe corroía o peito.
Começou fraco, cabreiro,
Mas invadiu-lhe as veias todas.
E, com o tempo,
A consumiu por inteiro.
Ninguém soube,
Quando foi bem que começou,
Quando um sentimento só
Passou a corroê-la,
Circulando em suas veias,
Transformando-as em tinteiro.
Ninguém soube
Do quanto doía por detrás das máscaras.
O riso sincero que lhe faltava
Roubaria de quem lhe roubara.
Apagaria o sorriso outro
Faria desmoronar...
Todas as fachadas.
Foi então que...
Ninguém soube
De onde saiu o tiro letal,
Porque ricocheteou naquele reflexo,
Cumpriu o seu destino...
Voltou e foi fatal.
Uma estilhaçada e a outra, com um baque, quedara.
Primeiro aquela e depois ela.
Ninguém soube
Do acerto tão tentado
Do acerto tão frustrado
Que, enfim, fora alcançado
No fim de todos os fins.
Não fora bem o que ela queria,
Mas ninguém soube,
Não, ninguém sabia.
Os poucos que a entenderiam
Já há muito lá não estavam.
Tantos anos...
Ninguém soube...
Ninguém viu...
Ninguém pôde...
Curar... Parar... Evitar...
Acabara... Ou talvez...
Acabará...
Noutras vidas.
Mas acabaram os sussurros, os murmúrios e os lamentos
Restou apenas aquele silêncio...
Definitivo.
...
.
21 de setembro de 2016
Carolina Grant
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