quarta-feira, 13 de junho de 2012

Na última nota...


         Este é um texto antigo, de minha adolescência, mas a sutileza encantadora de suas palavras, a maturidade e a ternura do sentimento externado são atemporais... É a minha homenagem ao Dia dos Namorados, para quem valoriza o Amor, independentemente de ser ou não correspondido. Afinal, certos tons de romantismo nunca perdem o brilho, mesmo quando estamos relativamente plenos e felizes.

Na última nota...

Ouvi uma valsa antiga outro dia, algo que talvez nada tivesse a ver conosco... pelo menos não nessa vida... e surpreendi-me com um aperto no peito, uma saudade inexplicável de algo que nem ao menos chegou a acontecer... uma lembrança querida de uma singela história de dois apaixonados... como se tornou bobo isso hoje em dia, não é? Mas para mim ainda há uma magia nesses momentos... Afinal, sei que, de fato, existe uma saudade imensa de ti... dos teus olhos... da tua voz... do teu cheiro... de você... Queria estar perto... queria que pudéssemos sair dançando pela noite, como se fazia nos filmes de antigamente e queria mais ainda que pudesses sentir, assim como eu, o resplandecer mágico de momentos de sonho como esse... 
         É... sei que nunca amou, sei também que me queres bem... não, não fico triste com isso... Afinal, o que de mais belo há nesse mundo, talvez você mesmo tenha me dado sem se dar conta... me deu o prazer de sentir e sonhar algo novo e inusitado, abriu-me uma porta para um mundo ideal e perfeito, belo e simples, emotivo, sensível, lindíssimo... onde não há pressa, correria, alvoroço, nem gritos, exigências, cobranças ou raiva ou inveja... só uma angústia adocicada, uma ansiedade palpitante e suave, uma expectativa de uma felicidade incontida, uma saudade aconchegante, uma melancolia... uma vontade de lágrimas doces, um sorriso furtivo de amor... É, esse presente você me deu, posto que mais belo, eterno e acolhedor é amar simplesmente ao Amor, mais até que à pessoa amada...
Mas... em momentos de música cândida e melodiosa como a valsa antiga que hoje escuto... ainda lembro de ti e o querias por perto, quem sabe sentindo o mesmo que eu... nem que fosse numa única noite... em um sonho lindo e distante... sonho que sonho hoje, e para mim, és belo e real em teu olhar terno e admirador...
Experimenta, meu querido, sentir o que com toda amizade e ternura te digo... se não, nunca viverás por completo... Sonha... sonha um lindo sonho de amor, meu querido, que o meu... infelizmente... em triste fim se acabou...na última nota... a última que agora tocou...
 
Salvador, 12 de junho de 2012.
C. Grant






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