Poema do Renascimento
Explosão. Estilhaços. Por todos os lados.
Um zumbido ecoou e ecoou e ecoou e ecoou no espaço.
Milhares de fragmentos foram violentamente arremessados.
O eco da explosão
Reverrrrberou...
Ricocheteou... Arrebatou!
Impeliu todos a saírem de seus quartos, casas, escritórios e carros.
Pôs todos a seguirem em direção ao coração da cidade.
Ao coração.
Rumores, olhares assustados.
Alguém viu? Alguém? Alguém?
Por quê? Como? De onde veio?
O que houve? Ninguém sabe. Ninguém viu.
De uma coisa, contudo, todos estavam seguros
Era impossível não sentir a energia e a intensidade vibrando no ar.
Rostos impressionados, emocionados, se entreolhavam.
Viram todas as cores emanadas da explosão. Todas elas.
O começo? Uma garota. Apenas uma garota.
Lá estava ela e de repente... não mais que de repente...
Tudo virou caos, cores e estilhaços.
Apenas uma garota. Que continha um Universo inteiro no peito.
Rompeu o tédio, o nojo e o ódio. Explodiu em sentimentos, energia, cores e abalos.
Acabou.
Virou-se pelo avesso, contorceu-se, explodiu.
Investigam se foi por Amor.
Vozes ecoam que foi pela Dor.
E alguns articulam, ainda, que foi pela Vida.
Restara sufocada pelo excesso de vida que carregava aprisionado.
De uma coisa, apenas, ninguém duvidava
Era impossível para qualquer um se esquecer do que presenciara.
Ninguém seria mais o mesmo.
O mundo reverberava em energia, com pequenas, ininterruptas explosões de liberdade e calmaria.
Viram o resultado fatal do baile de máscaras cotidiano. Testemunharam.
O eco daquele dia até hoje reverbera na memória de todos os presentes e gerações descendentes.
Era o presságio de uma nova era,
Muito além da compreensão.
Fazendo com que muitos passassem a carregar dentro de si
O germe da revolução
Revoluções internas ou externas, limitadas ou exponenciais. Tanto faz.
Minimamente o que importaria seria a inexorabilidade da reversão.
Ah, sim, ninguém poderia esquecer-se do poder transformador de um renascimento forçado.
Do poder surdo e incontrolável de desejos contidos, a vida renasceria.
E quando muitos se reunissem naquela mesma frequência. Aí, sim, seria a hora.
Entrelaçados e abraçados por uma causa libertadora,
Nada ficaria imune.
E ela seria lembrada por ter sido a primeira,
Rompera consigo mesma, rompera os seus próprios limites,
Ganhara o mundo, os céus e o universo,
Impusera a todos que escutassem o seu chamado,
Amou para além da humanidade, da vida e da finitude... Amou à Liberdade.
22 de setembro de 2016
Carolina Grant