terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ode a Morpheus. Son(h)o eterno.


Ode a Morpheus. Son(h)o eterno.

Perco-me do dia
Para encontrar-me com a noite... e a sua imensidão.
E para encontrar-me com os mais belos sonhos... a mais doce ilusão,
Perco-me da razão crua e fria...

E se me perco das mais tradicionais convenções
Será para encontra-me, de fato, com a minha mais pura essência
Ou será para perder-me ainda mais em mim, sem clemência
Que vago a esmo, abismo e(in)terno, sob vozes, soturnas canções?

Seria a liberdade uma adorável prenda?
Ou a porta para a loucura, a mais primitiva a que chegaste?
O desvario mais fascinante a que almejaste?
Ou seria apenas mais uma plausível oferenda (do Destino)?

Já não saberia dizê-lo, senão que sim... perco-me do dia... (a cada dia mais)
Das horas, do espaço, das regras... faço palavras ao vento.
Vem, pois, Morpheus, em seu corcel negro... meu cálido alento....
E leva-me, pois perder-me, é fato, há muito eu já iria.

Carolina Grant
(10 de janeiro de 2012).

Primeira poesia do ano: Entrega.


Entrega.

 É nesse estado livre... de loucura,
 Que liberta os meus anseios,
 Meus desejos e paixões,
 E me possui
 Mais do que a carne,
 A alma,
 Que a ti me entrego... sôfrega... ou plácida.

 Dispo-me, pouco a pouco, de tudo o que à terra me prende,
 Do sono, da fome, da fadiga.
 Entrego-me sem delongas, sem amarras
 Sem pudores, tu me entendes?
 Porque só assim...
 Desnuda...
 Vestida apenas de desejos,
 Entregue ao desvario,
 É que me torno tua taça e tua fonte.

 Preenche-me com o teu divino néctar,
 Ó gloriosa Poesia,
 E faz-me jorrar...
 Sobre os incautos, pobres de alma,
 Posto que a ti sou a mais devota,
 E o mundo precisa do teu alimento,
 Alimento d'alma, do espírito, do corpo e da eternidade.

 Eterniza-te, a ti entrego-me,
 Vive e prolifera-te...
 Vem agora, sem demora,
 Manifesta-te,
 Minha musa, minha Deusa,
 Inestimável... Inebriável
 Senhora de todos os encantos.

Carolina Grant
(08 de janeiro de 2012).

Não-ditos...

 
A magia do poeta encontra-se justamente no não-dito...

Carolina Grant
Insights de 2011.

Sobre a vida, o tempo e tudo o mais...


Às vezes eu sinto que não posso parar, 
Se parar... 
                                               a Vida me atropela.

Carolina Grant
Insights de 2011.

Intensidades sinestésicas.


Intensidades sinestésicas

Nossos olhos são emoção; 
os ouvidos, música; os lábios, paixão; 
o nariz, lembranças... 
Somos assim... feito um amontoado 
deliciosamente confuso de intensidades sinestésicas...

Carolina Grant
Insights de 2011.

Se...



Se o nosso corpo é feito de desejos 
e nossa mente de sonhos, 
                    nossa alma é pura poesia...  

Carolina Grant
Insights de 2011.

Hoje foi o silêncio e a solidão...

 
Hoje foi o silêncio e a solidão...

Hoje foi o silêncio e a solidão... 
O aconchego e a melancolia das palavras ausentes.
Olhos perdidos, coração vazio... 
Dos tormentos de todos os dias. 
Plenitude infinita,
Calmaria... 
A vida é devir... ir e vir... 
Hoje, em ondas tranquilas...  
Um eco preenchido pelo silêncio das palavras ausentes...
Hoje, até as palavras ficaram vazias. 

Carolina Grant
Insights de 2011

Eu vi... (in "Amar foi...").



Eu vi... (in "Amar foi...")

Eu vi as horas passarem, uma a uma... 
Eu vi o dia apagar-se, junto com o brilho da minha juventude. 
Eu vi o tempo retardar forçosamente o passo, 
para me fazer enxergar o vazio que ficou... 
Eu vi a esperança morrer, levando com ela uma parte importante de mim
e deixando no lugar uma máquina retumbante que me fará pagar em dor o resto dos meus anos. 
Eu vi você partir, levando consigo o que eu entendia de mim... 
Eu vi os anos passando e a poeira acinzentando os meus olhos até o fim... 

Sabes quem sou?

                                                        Eu sou o que restou do Amor nas sociedades 
       pós-modernas, 
                                               afogado em liquidez
                                                                             e eternamente apaixonado... 
                                                                        desiludido.

Carolina Grant
(18 de outubro de 2011).