sábado, 30 de abril de 2011

A Rosa e o Príncipe.


A Rosa e o Príncipe.

Há alguns anos... (vinte e três)
Uma flor nasceu.
Rompeu o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio...
E tornou o mundo mais humano.

Diziam que era feia, mas era uma flor.
Era feia porque era imperfeita,
Era uma flor humana!
E, em sua imperfeição,
Era linda...

Veio tingir de cores intensas o cinza-concreto cotidiano.

Tornou-se querida, amada e odiada,
Porque despertava paixões.
Transmudava-se, em segundos, do vermelho-sangue ao branco-lírio-calmo-compreensivo.

Não importava a cor que assumisse...
Era a minha Rosa... em redoma...
E eu não me importava em ser o seu Pequeno Príncipe,
Porque embora nos distanciássemos para outros mundos,
Volta e meia, era fato,
A saudade se impunha, porque ela era a minha flor e eu era o seu príncipe.
Nossa história transcendia os clássicos (perdão, Drummond),
Posto que inclassificável.

Há alguns anos, nasceu uma flor
Parem o trânsito das 17h no centro da cidade!
Garanto que uma flor nasceu!
E fez morada em meu coração...

E um dia...
Rosa-sangue,
Redoma em cacos,
Versos fortes.

Nasceu e morreu e ressuscitou!
A rosa-flor-humana-imortal.

Imortalizada pelo amor
De toda a humanidade
Por essa rosa-humana-flor.
 
Tão perfeita em sua imperfeição.

Há alguns anos,
Nasceu uma flor.
Rompeu o tédio, o nojo e o ódio.
E ensinou ao homem o que ele era. 

Para a minha querida prima-amiga, 
Máira Fortes, em seu aniversário.
28 de abril de 2011.

Carolina Grant

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nova aurora.


Nova aurora.

À noite, à luz de prata, pétalas em flor,
Pingam vermelhas gotas de veludo sobre a dor.
À noite, se estrelas, sem clamor...
Soam, sopram, seguem, espalham-se
Versos-lágrimas, qual rumor.

À noite, madrugada, frio a dentro...
Chora o passado, gritam as lembranças,
Enquanto a loucura bate, convidativa, à tua porta.
Em vão, não abrirás.
Abrirás?
Espero que não.
No fim, sim, é um clichê,
Só a força, a dignidade, a bondade e o amor triunfarão.
Não cairás antes disso pelas próprias tuas mãos.

À noite, pés descalços, braços nus,
Caminhas por entre as árvores,
Por entre os cadáveres
Das tuas mágoas e rancores
E com eles conversas
Sobre o tempo, o clima e o mundo espiritual...
Pois já não precisas mais mentir, para si... não é Drummond?
Descobristes a verdade sobre os teus fantasmas e os acolhe,
Para ajudá-los a seguir seus próprios caminhos e partir,
Para longe, longe de ti, longe dali...

Já é hora de voltar a casa,
Voltar a si.
E acabar com esta noite prolongada,
Porque os teus olhos aos poucos se preparam para ver o dia raiar.

À noite... não, já é dia, poeta.
E as gotas do tempo tingiram-se
De vermelho em branco para voltar a passar.

Já é hora de partir e seguir
                                              e seguir... adiante.

À noite,
Se há respostas.
Pés descalços,
Se há porta.
Braços nus,
Se és fortes.

Enfrenta-te ou te devorarás.
Segues firme, sem demora.
Noite, frio,
Fim, (re)começo,
Raia o dia

 Êi-la enfim...
                                        Nova aurora.
 
Carolina Grant
 28 de abril de 2011.

Inverno da Alma.

 

Inverno da Alma  
(ou Soneto em branco e preto e dó menor).

De tudo o quanto houvera, restou pó.
Da centelha de vida ao esplendor... gelo.
Da sanidade ao desvario vermelho-em-cor... ei-lo.
Reduzi(n)do em cinzas, tudo em nada, quedou só.

Vêm a solidão e vazio plácidos.
As águas de março há muito fecharam o verão.
As luzes se apagaram, o espetáculo fora em vão?
Restaram os cacos de um silêncio, azul (sim, blue) cálido.

Uma centelha de compreensão.
Versos frios, tímidos, pálidos.
Chegara o inverno d’alma, em gelo-cacos,
Gotas-sangue, chumbo e pó.

Inverno da Alma.

Carolina Grant
21 de março de 2011.
Sugestão de música (cuidado com as imagens fortes):
Requiem for a dream - Theme